quinta-feira, 1 de novembro de 2007

A desmoralização do Estado.

O Estado é a instância máxima da sociedade humana. Pode-se dizer que dele tudo provém e a ele tudo deve retornar.
O Estado é imperecível. Confirma isso o que vem ocorrendo nas favelas do Rio de Janeiro já de algum tempo e noutros pontos do planeta, hoje e ontem ou quando vier a ocorrer. Ou seja, na medida em que o Estado na sua plenitude, legalmente instituído se afasta de sua função, um outro, paralelo, com disposição de substituí-lo é gerado e cresce simultaneamente à queda daquele primeiro. Alguém “tem que mandar nesta zorra”, como se diz no popularesco.
Quando a polícia falha ou inexiste, grupos logo se formam para cobrar pela segurança à revelia das leis.
E a maior confissão de falência de um Estado é a confissão de impotência por parte deste. Por Lei o Estado deve ser onipotente, ressalvados os direitos dos cidadãos deste mesmo Estado. O Estado, então, é tudo. Está acima de tudo. Não pode curvar-se a ninguém.
O Estado se manifesta pelos seus instrumentos e, um deles é a força que deve ser de dissuasão antes de tudo. Em geral ela é chamada de Polícia ou exército, conforme as funções dessa mesma força.
Mas no Brasil; em Sergipe; em Itabaiana, mais especialmente na BR-235, quilômetro 51, Posto da Polícia Rodoviária Federal o Estado demonstra que não existe, ao menos num aspecto: foi preciso colocar quebra molas na pista, em dois sentidos, para que fosse observada a obrigatoriedade de redução de velocidade junto à instituição máxima do policiamento de trânsito do país.
É a desmoralização de um Estado em que policiais até podem escoltar recolhedores de apostas no jogo do bicho; mas não costuma pegar ladrão e muito menos impor-lhes respeito para que não consolidem suas atividades criminosas.
Podem até proteger banquinha de venda de CDs piratas; mas é impotente para dissuadir trombadinhas a assaltar gente indefesa.
Como diz o Chico Buarque de Holanda (Acorda Amor): Chame o ladrão; chame o ladrão, chame o ladrão.