quinta-feira, 20 de março de 2008

Fogueiras de São José

Há tempos que não via por aqui tão feliz coincidência: chuva no dia 19 de março, dia de São José. Reza a tradição cantada em verso pelo saudoso Lua – Luiz Gonzaga – que este é o melhor dia para se plantar o milho que se comerá de várias formas na noite de São João, de 23 para 24 de junho.
As festanças juninas, cuja preparação, aqui se vê, começa no dia de São José – desde que venha a chuva – têm origem na Europa medieval, porém adquiriram um significado especial no Brasil ainda em seu primeiro século de colonização européia. Para atrair os índios às orações cristãs, os jesuítas se utilizavam de vários artifícios de boa aceitação e comum aos dois grupos humanos em questão – europeus e ameríndios – como a música predominantemente percussionada, as comidas e as fogueiras. Dessa forma datas de santos católicos mais importantes eram, em geral, lembradas com fogueiras, procissões com zabumbas, pífanos e caixas em geral; e, no caso do São João, em especial, quando vinham as primeiras colheitas de gêneros populares, portanto de primeira necessidade como o milho, com direito às comidas que hoje rotulamos de típicas, feitas de milho, basicamente, e de mandiocas.
Nos dias atuais é bem difícil ver-se fogueiras que não pelo São João, e São Pedro e São Paulo. Ontem, 19, por exemplo, num percurso que fiz de mais de dois quilômetros, desde proximidades da Praça João Pereira até a Igreja São Luiz, somente ao oitão desta vi numa casa uma fogueirinha a lembrar do santo preparador das veredas das festas juninas. Essa realidade não é diferente na zona rural, hoje completamente tomada pela sub-cultura do mass media, imperiosa com toda a sua pujança tecnológica.