quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ufa! Será que agora vai?

O Governo do Estado alardeia a constituição de uma tal de brigada estadual de combate às endemias no melhor estilo “propaganda pura”. Sequer apontou para simples mortais como esse parco escriba como tais profissionais foram ou estão sendo treinados. Teriam eles tido algum curso de entomologia, por exemplo? Estariam sabendo já diferenciar um barbeiro de um baratão? Aí vem a pérola: “(...)a Secretaria de Saúde (SES) iniciou nesta quarta, 10, a capacitação dos 600 CONTRATADOS pelo Governo do Estado para(...)”... e é assim, é? A dente de cachorro? Sem seleção por concurso? Claro, se é sem seleção por concurso deduz-se que serão “trabalhadores temporários”. E onde já se viu trabalhadores especialistas poderem ser temporários?
O DNERu, depois SUCAM debelou ou controlou malária, doença de Chagas, leishmaniose, esquistossomose e etc., contratando o pessoal quase todo indicado pelos políticos. Todavia não os pôs pra trabalhar no mesmo dia. Mesmo que as escolhas não tenham sido por concurso público esse pessoal teve treinamento intensivo de meses e até anos, até poder assumir um quarteirão. E aí vem nosso governo e contrata pessoal que deveria ser especializado como se contratasse estivador ou trabalhadores braçais.

Idéia boa com execução questionável.
A idéia de uma “força” estadual de combate às endemias é extremamente louvável haja vista vir corrigir um absurdo praticado contra o sistema de saúde a partir de Brasília: o de entregar a municípios despreparados, técnica e financeiramente, a tarefa de isolar focos de doenças transmitidas por vetores de alta mobilidade. Os ditos municípios não têm condições de realizar os vultosos investimentos de retorno demorado em capacitação de pessoal de que a área necessita. Também têm enorme dificuldade em compor com outros da região para uma ação conjunta o que aperfeiçoaria o processo. Como resultado, bilhões de reais jogados às traças e endemias que haviam sido banidas no início do século próximo passado, de volta e de forma descontrolada. O que se questiona aqui é que o modus operandum permanece: propaganda, auto-promoção dos gerentes(?) , gastos e mais gastos geradores de notas fiscais (comissões?), enquanto se não percebe concretude nas ações de fato necessárias.
Aliás, esses portais de governo (estaduais e municipais, principalmente) bem que poderiam trazer mais informações e menos promoção pessoal de seus titulares. Tá horrível, tanta cara deslavada a se promover (promoção de efeito questionável, por sinal), enquanto informações de suma importância para a sociedade deixam de ser publicadas.
Nota: O signatário também é laboratorista do SESP (extinto e com pessoal incorporado à FUNASA), do Ministério da Saúde desde 15 de setembro de 1982, com cursos internos de especialização em malária, leishmaniose, Chagas, Hanseníase e viroses tropicais em geral, entre outros.