sábado, 1 de agosto de 2009

Entupição de ouvido

Hoje, por um certo momento me vi dentro do Carandiru nos seus piores dias. A “riqueza” de detalhes de como ser marginal era tão grande que não deu pra pensar que estava em outro lugar. O “jovem”, desses que ganham dez mil réis e resolve mostrar sua riqueza entupindo os ouvidos dos outros de cocô sonoro, com um baita som no carro resolveu fazer apologia ao crime tocando uma “música” (argh!) onde o que se ouvia era filho da puta, polícia filho da puta, presunto, meter cinco balaços... só isso! Dizem que isso é arte! Um tal de hip-hop de protesto. Outrora se protestava contra a marginalidade do Estado em punir quem queria democracia, logo, liberdade com ordem, com muito mais estilo. Aqui é apologia à marginalidade. Só não vira bandido quem não quiser. Quem for frouxo, como eu.
Mas não parou por aí. A sucessão de hinos à marginalidade foi só o “esquentamento”. De repente mudou pra melhor(?). Foi para aquilo que andam por aí chamando de forró.
Em primeiro lugar, ninguém mais ocupa um estúdio pra fazer uma gravação de respeito; é tudo gravado “ao vivo”. Aí o que rola é o pior do que se pode imaginar em termos de harmonia, melhor dizendo, falta dela.
Um grupo em especial me chamou a atenção: a menina canta muito mal! Fora do tom e pior, cem por cento descolada do tempo (3-1) da base. É um Deus nos acuda! A menina não acerta uma só harmonia. É só gritos estridentes; verdadeiros exemplos de histerismo do pior tipo, porque fabricado. É! Até o histerismo é falso. Jesus! É coisa pra “bebum” ouvir, mesmo.
E pensar que em tempos idos já fiquei até dois dias de cabeça ardendo por não dispor de tempo suficiente pra ouvir um disco antes de lançá-lo na programação, tudo em nome da qualidade, que alguns ouvintes da velha Princesa da Serra exigiam; e donos, direção e até colegas exigiam, fosse o melhor a ir pro ar. Muitas vezes pegava brigas de fogo com os representantes de gravadoras devido as indicações que os mesmos faziam de faixas nos discos que para a rádio enviavam. Até com Irandi Santos, hoje na Princesa FM, que dispensa qualquer comentário em matéria de conhecimento sobre música e gosto musical (que ninguém o saiba: quarenta anos e lá vai fumaça de experiência) ainda me indispus.
É! Mas como diz o poeta Paulo César Batista de Faria, popularmente Paulinho da Viola: “me perdoa a pressa; é a alma de nossos negócios”.