segunda-feira, 24 de março de 2008

Como matar um idiota.

Pegue-se um zé mané, desses que vive a buscar fama e acredita no tamanho do próprio umbigo. Faça-se contratos de propaganda baseado em “notícias” policiais. Em seguida comece a inflar o ego do zé mané com "notícias" e mais notícias sobre a bravura, a valentia dele; até ele comer a corda e migrar de simples ladrão de galinhas e fazedor de zuada para o ponto em que come no restaurante mais famoso da cidade e da região e convida o proprietário a receber com um ou com outro dos revólveres que segura como se fosse alguém realmente perigoso. Por fim, espere até que o fermento da idiotice faça todo o efeito e ele resolva entrar para o crime realmente barra pesada; aquele que, ao contrário do nosso zé mané, que gosta de aparecer, seus participantes fazem questão de não existir publicamente. Aí ele vai participar de uma “parada” pra valer e é morto como um patinho. Acabou a saga do homem mais perigoso da história dos últimos tempos da última semana.
Essa história ocorreu em Itabaiana ao fim dos anos 70.
Pipita - o finado - reedita a história acima e agora é contar quantos pontos de audiência ganharam os programas de rádio e TV; quantas visitas receberam a mais os portais de internet; quantos jornais a mais foram vendidos desde que o “fenômeno Pipita” estourou; a quantas diligências as polícias civil e militar deixaram de ir por conta do “indivíduo de alta periculosidade” Pipita; quantos crimes foram realizados e deixados na conta de Pipita... enfim, que Pipita saiba que a fama de bandido hoje é bem mais efêmera que noutras épocas. O que significa que dentro em breve seu nome estará completamente esquecido e o esquema teatral montado por mídia e polícia para parecer estar fazendo alguma coisa criará, de novo, mais um “bandido mais perigoso de todos os tempos da última semana”(*). Idiotas para acreditar que está abafando e comer essa corda sempre haverá. Pipita não foi o primeiro nem será o último.
(*) Paródia ao título de música dos Titãs.