segunda-feira, 24 de março de 2008

Só oito milhões é pouco.

Anunciado com grande estardalhaço uma verba federal através do Ministério dos Transportes para a resolução de um sério problema na BR-235 que corta Itabaiana – cidade e município – hoje passando completamente por dentro do sítio urbano.
É uma propaganda óbvia do consórcio deputado federal Eduardo Amorim e prefeita Maria Mendonça, entretanto, pela importância da obra, desconta-se qualquer abuso no uso de imagem ou promoção pessoal com o dinheiro público. Sob o ponto de vista de necessidade técnica, a BR-235 necessita de duplicação afora outros adicionais, desde Itabaiana até o encontro com a BR-101. Mas, enquanto tal obra não vem, há no mínimo a necessidade de resolver vários pontos complicados.
O povoado Mundés e a região urbana compreendida ao entorno da Avenida Eduardo Paixão Rocha, ou seja, o trecho da BR-235 desde o trevo do 3º BPM até o riacho do Fuzil, local do curtume, tem sido um matadouro, com mortes por atropelamentos e colisões entre veículos cada vez mais constantes. Faz parte do trajeto macabro ainda o trecho em seqüência nas avenidas José Amâncio Bispo (DI até o encontro da Av Luiz Magalhães), a Avenida Alípio Tavares de Menezes, entre a José Amâncio e a Avenida Pedro Teles Barbosa e todo o trecho compreendido entre os povoados Queimadas e Matapoã.


Muita obra pra pouco dinheiro.

O projeto anunciado na propaganda fala dos trechos compreendendo o dito povoado Mundés, teimosamente aqui denominado de Rio das Pedras, e todo o trajeto desde o riacho do Cedro nas suas nascentes (subentendido na proposta), no natimorto Distrito Industrial, (extremo sul da área considerada urbana pela Lei Municipal número 513 de 10 de Maio de 1979), até o limite extremo norte, no riacho do Fuzil, limites dos bairros Sitio Porto e Riacho Doce, e do povoado Queimadas. São vinte quilômetros de drenagem (ida e volta), terraplenagem, compactação de solo e lama asfáltica propriamente dita. É muita obra para apenas oito milhões de reais. Mesmo que se não faça um mísero viaduto (cabe ao menos um) e ou rótulas. Com um detalhe: por se tratar de obra federal nem Município nem Estado podem aqui meter o bedelho sob qualquer forma


Vai ter que ser.

Mesmo que venha com atraso, mas estas obras – que já foram ventiladas pelo ex-deputado José Wilson Gia da Cunha em seu mandato de deputado federal de 1995 a 1998 – terão que um dia sair do papel. Num futuro não muito distante o Ministério dos Transportes terá que adequar a passagem de rodovias federais em sítio urbanos, seja com elevações, com corredores exclusivos ou túneis. O que fica evidente que não adianta apenas desviar tais estruturas já que as cidades irão atrás delas como foi o caso da BR-235. Em 1972 seu curso foi desviado desde a Marianga até o riacho do Fuzil numa tentativa de tirá-la de dentro da cidade de Itabaiana. Naquela época, seu curso era pelas atuais avenidas Manoel Francisco Teles, Engenheiro Carlos Reis, Felisbelo Machado e Zefinha de Capitulino. A menor distância da zona urbana efetiva ficou em mais de um quilômetro. Atualmente, há partes do Bairro José Milton Machado, especialmente na região conhecida como Coruja que já ultrapassa quilômetro e meio além da rodovia.


Dinheiro tem

Consultando a Execução Orçamentária no OGU/2007 ainda não fechada encontramos várias possibilidades para que não apenas oito milhões de reais, mas bem mais possam ser alocados para a alegada obra, motivo de propaganda do deputado.
No Programa 0220 - Manutenção da malha rodoviária federal, haviam sido empenhados R$ 49.245.000,00 para as rodovias federais em Sergipe e pagos apenas 27.604.547,00 até o último dia 07 do corrente. No Programa 1166-Turismo no Brasil: uma viagem para todos, que também pode ser caracterizado como pertinente a este tipo de investimento foram empenhados R$. 22.991.000,00 enquanto que apenas R$ 12.208.750,00 haviam sido efetivamente executados até a data citada. Mesmo não tendo aparente nexo com o objetivo, mas tal despesa também pode ser alocada no Programa 0229 - Corredor São Francisco onde foram empenhados R$ 35.645.589,00 contra uma execução de apenas R$ 6.837.772,00 até a mesma data. Neste caso, a bancada sergipana poderia se unir à bancada baiana e ressuscitar o asfaltamento da BR-235, desde a divisa com Sergipe até o Juazeiro – ao menos até o Jeremoabo - vital para o desenvolvimento de Sergipe e norte baiano, já que alocados no mesmo programa para o Estado da Bahia se acha a bagatela de quase noventa milhões que não foram executados dentro do Orçamento 2007 e ainda estão em aberto.
O temor é que venha a ser apenas mais um sisteminha – útil, apesar de tudo – como o que originou a entrada principal e atual da cidade. Obra de fachada e muitas suspeitas a posteriori.