segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Transposição do São Francisco.

Nada há de mais fora de sintonia que um político de direita fazendo discurso de esquerda e vice-versa. Num determinado momento vai cair em contradição e aí a casa cai.
Na busca por holofotes o ex-governador João Alves Filho – o nosso João da água – resolveu dar mais uma espicaçadinha no governo Lula (clique para ver matéria no Estadão) e justo onde? Num setor onde João se notabilizou, inclusive sendo responsável pela resolução de nosso problema doméstico, aqui em Itabaiana. Um setor onde se esperaria do ex-governador esperneios no sentido de aprimoramento, de melhoria do projeto, de... sei lá... qualquer coisa que tonificasse o dito projeto que resolve definitivamente a questão de segurança hídrica em larga escala no Nordeste. Repito: o homem é o João da água. Foi Ministro do Interior de Sarney quando a pasta significava pratica e exclusivamente assistência ao Nordeste e seus problemas hídricos.
Sinceramente, “Doutor” João, tá da hora de repensar e parar de fazer jogo dessa direitona paulista que só tem olhos para o próprio umbigo. Uma liderança como a sua, construída em cima de apelos e programas populares, com a cara do povo de sua terra e de repente pondo tudo a perder com boçais como os tucanos neo-UDN paulistas? fazendo o jogo deles?
É o próprio ex-governador quem tem afirmado em vários momentos sobre enfrentar crises com trabalho. Também foi oportuníssimo ao se livrar de penduricalhos como Paulo Salim Maluf em 1984. Agora, fazer a onda de uma mídia que está a serviço de um grupelho cujo tem o olho maior que o planeta, mas só enxerga o próprio umbigo, aí não. Eu acho que sua coerência valeria muito mais no seu Estado que elogios capciosos de gente que tem nojo de gente e da gente.

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Em tempo a montagem acima é de uma gravura de Frans Janzson Post de 1646. Notar o exército de Bagnoulo fugindo dos holandeses para Sergipe e a atravessar o rio a pés tendo ao fundo o forte que deu origem à cidade de Penedo. Se mais notardes verás que o artista não poupou detalhes como o fato de que alguns dos soldados têm água apenas abaixo da cintura. O fato que gerou essa gravura de Post ocorreu em 1636, quando só se conhecia o São Francisco até a Cachoeira de Paulo Afonso.






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Aqui também um trecho da carta do padre Joaquim Marques de Oliveira, “Relação dos logares, povoação e distancias da Freguezia de Santo Antonio de Villa Nova Real do Rio de S. Francisco pelo Vigario Joaquim Marques de Oliveira”(*) 1757 (annexa ao 2.666).
(...)que serve de diviza a essa freguezia, hem traducção antiga era huma camboa sem saída ao Rio de S. Francisco pela parte do Sul, mas pela continuação das enchentes e ventos norte que açoutam a costa do sul dessa freguezia foi quebrando terra como costuma, e a abriu para aquella camboa, e formou assim hum riacho por differente rumo da corrente do rio de S. Francisco, o qual hoje thé chamam Prauna, cujo circula grande parte de terra desta freguezia, a qual chamam Brejo grande, de cuja está de posse intruza a Capitania de Pernambuco, e (...)



Não há como dizer que não existe um problema provocado pelo ser humano; seria um absurdo fazer tal afirmativa. Porém querer fazer alarmismo com o assoreamento quase natural - se não de todo - do mar como demonstra o documento acima, aí não.



(*) Grafia como no documento original.