segunda-feira, 18 de maio de 2009

Hora da vingança

A lista dos assinantes da CPI da Petrobrás (Petrobrax, para os tucanos), vide abaixo, mostra claramente que, finalmente temos, a menos no plano nacional e depois do fim do Regime de 64, uma oposição homogênea, firme. O principal da direita se uniu nos partidos PSDB, legítimo sucessor da UDN, e no DEM (PFL) que representa a ala mais reacionária do PSD de meados do século passado.
O quadro é encorajador a se dizer que finalmente entramos na reta da democracia. Mas, ledo engano. Os vícios de sempre permanecem, inclusive permeando as ações dos grupos que nasceram pra renovar, dentre eles, o mais vistoso, o PT.
A concentração ainda é o nó górdio em tudo que se possa pensar. O Estado é grande demais porque a concentração no setor privado é descomunal. Uma única rede de TV manda e desmanda em quarenta por cento da população; destes, mais sessenta por cento dos que têm poder de mando; é muito poder. Uma única operadora de telefonia detém 70 por cento do mercado de telefones fixos do país e, pior, comanda esse mesmo mercado em oitenta por cento do território nacional. O lucro fácil dos juros, característica nacional desde o desenvolvimento açucareiro pernambucano da era holandesa, mantém uma casta de menos de 0,04 por cento da população, cujos expoentes mandam e desmandam no Banco Central exercendo o verdadeiro governo. A única forma de viabilizarmos uma industrialização tardia e com isso um certo grau de desenvolvimento foi intervindo com o Estado em meio mundo de coisas, inclusive na criação da hoje gigantesca Petrobrás. Também ela um exemplo de concentração e da qual ninguém pode abrir mão sob pena de ficar sem nada.
São essa distorções que acabam por influir na vida política com corrupção endêmica, inclusive no mais elementar dos poderes de uma civilização, o judiciário; por isto, na falsa idéia de impunidade – já que a punibilidade vem da forma mais canhestra possível, através da própria corrupção que não deixa os faltosos comemorarem seus feitos em paz, saborearem tranquilamente o produto do saque; na desorganização do Estado, e nisso, em eleições caríssimas que são compensadas com atitudes indignas da “res publica”. Por fim, na queda de elementos valiosos à sociedade, atraídos pela “Real Politik”.
Se já era difícil uma aproximação de João Alves Filho em relação a Lula, apesar de ambos virem “de baixo”, do povo, e de serem desprezados pela elite clássica brasileira(*), isso se tornou absolutamente impossível depois da prisão de João Alves Neto por seu envolvimento com a Gautama. A aposição da assinatura da senadora Maria do Carmo na lista infra, mais do que um ato de uma partidária do DEM, tem cheiro de vingança já que na política por aqui, ainda se confunde o cidadão com cidade, o Estado com seu governante. O governo ou a Justiça com as leis. Logo, a "culpa" da prisão é debitada a Lula. Sempre foi assim no coronelismo.
E obviamente, nenhuma mãe gosta de ver o filho algemado.

Senadores assinantes da CPI de Serra(suas digitais estão por toda a parte), vulgo, da Petrobrás:

1. Álvaro Dias (PSDB-PR) - CRIADOR DA CPI - alvarodias@senador.gov.br
2. Sérgio Guerra (PSDB-PE) - sergio.guerra@senador.gov.br
3. Marco Maciel (DEM-PE) - marco.maciel@senador.gov.br
4. Lucia Vânia (PSDB-GO) - lucia.vania@senadora.gov.br
5. Antonio Carlos Junior (DEM-BA) - acmjr@senador.gov.br
6. Agripino Maia (DEM-RN) - jose.agripino@senador.gov.br
7. Raimundo Colombo (DEM-SC) - raimundocolombo@senador.gov.br
8. Efraim Morais (DEM-PB) - efraim.morais@senador.gov.br
9. Pedro Simon (PMDB-RS) - simon@senador.gov.br
10. Jarbas Vaconcelos (PMDB-PE) - jarbas.vasconcelos@senador.gov.br
11. Cícero Lucena (PSDB-PB) - cicero.lucena@senador.gov.br
12. Demóstenes Torres (DEM-GO) - demostenes.torres@senador.gov.br
13. Jayme Campos (DEM-MT) - jayme.campos@senador.gov.br
14. Heráclito Fortes (DEM-PI) - heraclito.fortes@senador.gov.br
15. Mario Couto (PSDB- PA) - mario.couto@senador.gov.br
16. Eduardo Azeredo (PSDB-MG) -eduardo.azeredo@senador.gov.br
17. Flexa Ribeiro (PSDB-flexaribeiro@senador.gov.br
18. Kátia Abreu (DEM-TO) -katia.abreu@senadora.gov.br
19. Romeu Tuma (PTB-SP) -romeu.tuma@senador.gov.br
20. Arthur Virgílio (PSDB-AM) -arthur.virgilio@senador.gov.br
21. Adelmir Santana (DEM-DF) - adelmir.santana@senador.gov.br
22. Marconi Perillo (PSDB-GO) -marconi.perillo@senador.gov.br
23. Mão Santa (PMDB-PI) -maosanta@senador.gov.br
24. João Tenório (PSDB-AL) -jtenorio@senador.gov.br
25. Gilberto Goellner (DEM-MT) -gilberto.goellner@senador.gov.br
26. Marisa Serrano (PSDB-MS) -marisa.serrano@senadora.gov.br
27. Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) -mozarildo@senador.gov.br
28. Papaléo Paes (PSDB-AP) -papaleo@senador.gov.br
29. Tasso Jereissatti (PSDB-CE) -tasso.jereissati@senador.gov.br
30. Geraldo Mesquita (PMDB-AC) -geraldo.mesquita@senador.gov.br
31. Maria do Carmo (DEM-SE) -maria.carmo@senadora.gov.br


(*) Em 1987, logo depois de assumir o cargo de Ministro do Interior, o Jornal Nacional da Rede Globo nos surpreendeu lhe dedicando intermináveis quase três minutos de reportagem para dizer que o ministro havia “se perdido” no Rio de Janeiro, necessitando da ajuda de terceiros para encontrar o caminho. Com todo o ranço sulista que se possa pensar. Forma típica de caracterização nada elogiável. Totalmente descabida para um espaço tão importante.