sábado, 5 de janeiro de 2008

Sobre nobrezas e velhas práticas.

Parece ser um desabafo o escrito pelo articulista Cláudio Nunes em seu último post do dia 04/01/2008, às 06:04 hs no Portal Infonet, todavia, já que o assunto me instigou fui a “consultar meus alfarrábios” como costuma dizer o colega radialista Rosalvo Soares e acabei por chegar à conclusão seguinte.
Dos sobrenomes poderosos ainda na lembrança sergipana o mais antigo deles que conseguimos localizar é Maciel. Em 22 de abril de 1614 Miguel Maciel foi nomeado Escrivão da Câmara da Capitania de Sergipe (ANAIS, Bibl. Nacional do Rio de Janeiro, Inv. dos doc. Rel. ao Brasil, existentes na B.N. de Lisboa, Chanc. de D. Felipe II, Vol. 75, p.71). Mas o sobrenome mais poderoso de todos e ainda hoje no poder é sem dúvida o Rabelo Leite. O primeiro Rabelo apareceu na “Carta para o Capitam mor da Capitania de Seregippe Del Rej Balthazar dos Reis Barrenho sobre a Gente que vaj cõ o Dez.dor Bento Rebello. De 12 de dezembro (1656). Foi o desembargador plenipotenciário e executor da cobrança de impostos do gado da Itabaiana que, entre outras coisas, deu origem à rebelião dos curraleiros do lendário Simão Dias de que falam Sebrão Sobrinho, Maria Thétis Nunes e a farta documentação existente nas bibliotecas nacionais do Rio de Janeiro e de Lisboa (Torre do Tombo). O segundo é Jose Rabello Leite, Capitão-Mor de Sergipe em 1670. Durante os três séculos que se seguiram o sobrenome reaparece com freqüência, geralmente ligado ao Poder Judiciário.
Alguns sobrenomes famosos que por aqui andaram nos seiscentos, tais como Castelo Branco e Porto Carreiro desapareceram daqui reaparecendo em outras localidades. Castelo Branco ainda sobreviveu até o Capitão Pedro Gomes Castelo Branco, o dono de Porto da Folha até a canetada pombalina que quebrou meio mundo de hereditariedades, ou no nome do Capitão das Ordenanças da Itabaiana em 1799, João Nepomuceno Regalado Castelo Branco. De todos, o mais famoso foi D. Rodrigo que veio procurar prata na Itabaiana em 1674 e foi morto por Borba Gato seis anos depois em São Paulo..
São bem antigos, porém da segunda grande leva migratória, os francos e os pimentéis dos quais descende o ex-governador Albano Franco. Jose de Barros Pimentel veio de Pernambuco em meados dos setecentos e casou-se com uma filha do chefão de Santo Amaro. Já João Gonçalves Franco aparece ao fim dos setecentos nos registros de terra constantes dos Anais de Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.Por não perceber continuidade ou freqüência cronológica não dá para se ter certeza de que os mesmos Falcão de hoje descendam do Coronel Matheus Marinho Falcão, em São Cristóvão em 1668.