quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Introspecções.

Faz força Zé, para melhorar, o homem só vai, se trabalhar.
Luiz Gonzaga in Faz força Zé
Rádio nunca ganhou eleição. Salvo algum caso muito raro, quando canalizou tendências já existentes, insatisfações da massa, para um determinado candidato que soube ser simples, direto, e infundir confiança por algum tempo. Foi assim, por exemplo, com Gilson Messias Torres – o Gilson Portela - e Djalma Teixeira Lobo em 1982, respectivamente eleitos para vereador (marca de votos só ultrapassada cinco eleições depois) e deputado estadual, marca nunca antes conseguida. Aí vem os “sabidos” e começam a querer fazer o povo de otário querendo vender fumaça.
Em artigo curto, porém direto, Jamysson Machado (aqui) vai ao ponto: “o tempo passou na janela, e só Carolina não viu”, como disse o Chico Buarque. Nossos políticos ainda estão antes de 1950 quando sequer emissora de rádio havia por aqui. O Orçamento da União bem como as contas de cada Município (com um ano de atraso) e os repasses feitos pelos governos federal e estadual podem ser acompanhados quase em tempo real, no caso dos recursos federais, e com um pequeno atraso, no caso do governo estadual. Mas tem executivo municipal que ainda acha que é possível engabelar eleitor com cantilenas de politiquismo baixo; de perseguições partidárias inexistente ou intencionalmente potencializadas, para justificar sua adinamia ou comodismo. Tem gente que espera que governador ou presidente o eleja deputado, prefeito, vereador; só porque “é amigo”. E aí, a culpa é sempre do vizinho.
O cara que está ao microfone está botando o dele na reta, mais do que o político que o financia. Só um profissional louco, irresponsável ou idiota pra mentir “em nome da causa”, enquanto o f.d.e., faz uma cagada atrás da outra achando que pode enganar como faziam os antigos politiqueiros; sem sequer se dar ao trabalho de trabalhar a mentira de forma mais engenhosa. Tudo na base do “se quero, posso; se posso, faço”, comum aos mais aloprados.
Fernando Collor de Mello foi nosso primeiro grande político eleito por esquema midiático quase à prova de erros. Foram dois anos de coberturas vantajosas nos principais órgãos de comunicação, especialmente na Rede Globo e na revista Veja. A Globo chegou a fazer duas novelas – das sete e das oito – notadamente com vistas a preparar o subconsciente coletivo para o embate Collor versus Lula (alguém aí lembra do corruptíssimo Reino de Avilan? E do bestão Sassá Mutema). Além das inúmeras reportagens e programas inteiros do Globo Repórter. Mesmo assim, num tempo em que não havia internet pra desmentir a grande imprensa viciada, quase dá com os burros n’água.
Aí, tem gente que aluga ou possui uma emissora de rádio, chama um bom profissional – mas sequer lhe dá uma equipe pra trabalhar – muito menos fatos, assuntos, coisas concretas que dê pra fazer brilhar os olhos de tanta gente torcedora e esperançosa... não faz a sua parte em bem servir ao povo e ainda quer milagres... Péra lá! A propaganda é a alma do negócio. Mas antes tem que haver o negócio.
Como diria o saudoso Nego Mala: Oh, meu chegado! Tá me estranhando?
Vamos trabalhar, né?
...
P. S. No caso de consulta ao Orçamento Geral da União, o "site" da Câmara dos Deputados fornece um banco de dados, melhor ainda que o do Senado, atualizado periodicamente em que é possível ver quem votou emendas; quem conseguiu aprovar as emendas, quanto de dinheiro foi conveniado, liberado e quando. Neste caso é preciso baixar cada Orçamento e instalar no computador, ficando atento para versões mais atualizadas, e cruzando sempre os dados com os convênios da Caixa e o disposto no portal de convênios do Portal da Transparência.